Mal o dia amanhecendo
Vai a Ribeira se enchendo
De gritos e de pregões
E o peixe desembarcado
No meio de palavrões
À muito que ali vendia
Toda a gente a conhecia
A Gracinda, a vendedeira
Dava gosto a ouvir cantar
Pois sempre a ouvi chamar
“o rouxinol da Ribeira”
Sua filha ainda garota
Tão traquina e tão marota
A pequena, a Manuela
Certo dia se afastou
E junto ao Tejo brincou
E ninguém mais soube dela
E hoje de negro vestida
Chorando a filha perdida
Tão sincera e verdadeira
Ao mercado já tornou
Mas a cantar não voltou
“o rouxinol da Ribeira”.